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IoT e Startup: Taggen é selecionada para o Pulse, hub de inovação da Raízen

Empreendedores do Pulse dão às boas-vindas à Taggen | divulgação

A Taggen, deeptech do segmento de Internet das Coisas, acaba de anunciar sua integração ao Pulse, hub de inovação da Raízen que conecta startups às oportunidades de negócio da empresa integrada de energia. Localizado em Piracicaba (SP), o Pulse completou 6 anos em 2023 e, atualmente, conta com uma extensa rede de parceiros, incluindo 58 startups, além de ter uma base de dados com mais de 1200 startups.

Esta parceria visa promover o desenvolvimento conjunto de soluções IoT para otimizar a gestão e a eficiência dos processos da Raízen, o maior player integrado e verticalizado do mundo e uma referência global na produção de bioenergia, com amplo portfólio de produtos renováveis, entre eles etanol e biogás. A Raízen é a terceira maior empresa em faturamento do Brasil e tem na produção de açúcar e etanol e na distribuição de combustíveis seus principais negócios.

Werter Padilha, CEO da Taggen, no Pulse | divulgação

Werter Padilha, CEO da Taggen, expressou seu entusiasmo com a parceria: “é uma honra para a Taggen fazer parte do ecossistema do Pulse e participar de projetos inovadores para atender às demandas do setor sucroalcooleiro e de energia, liderado no Brasil pela Raízen. A parceria entre Taggen e Pulse certamente trará benefícios significativos para ambos os lados, impulsionando ainda mais o desenvolvimento do ecossistema de IoT no Brasil”.

A Taggen é reconhecida por desenvolver projetos inovadores de rastreabilidade e identificação de ativos e pessoas em tempo real, com um pacote de soluções para diferentes verticais de negócios: agronegócio, automotivo, saúde, entre outras. Pioneira, a startup se destacou com o desenvolvimento do TaggenBeacon, primeiro beacon BLE com tecnologia 100% brasileira, além do desenvolvimento de gateways e da plataforma Link IoT, que oferece recursos de alto nível para processamento e gerenciamento dos dispositivos IoT, geração e armazenamento dos dados e elaboração de relatórios gerenciais. A deeptech desenvolve também projetos com tecnologia UWB (ultra wide-band), RFID e 5G.

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Internet das Coisas, a pecuária de precisão e a sustentabilidade

*Por Werter Padilha

Tem aumentado o número de pecuaristas brasileiros interessados e dispostos a investir em tecnologias associadas ao que denominamos de pecuária de precisão.  Qualquer ação que visa otimizar os resultados produtivos e reduzir os custos operacionais sempre são bem-vindos.  Para isso, pesquisadores têm buscado nas últimas décadas alcançar êxito por meio de diferentes tecnologias de sensoriamento, rastreabilidade, controle e automação. Mas, atualmente, o agronegócio precisa muito mais que apenas monitoramento. É cada vez mais relevante garantir a excelência e responder qualquer questionamento em relação à origem da produção.

Na COP 28, 28ª Conferências das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, realizada em Dubai, um programa de identificação individual e a rastreabilidade do gado foi apresentado pelo governo do Pará, baseado na união entre governo estadual e empresas em busca de transparência e integridade de toda a cadeia produtiva, e garantia de respeito às regras sanitárias, fundiárias e socioambientais, contribuindo para combater o desmatamento. A JBS, grande player global integra este programa do Pará e anunciou investimentos. Já a Marfrig, outra potência desse mercado, também noticiou que aportará R$ 100 milhões em programas de rastreabilidade individual do rebanho bovino. Outra iniciativa em andamento é liderada pela unidade Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP), e foca o rastreamento em tempo real dos animais indoor e nos piquetes outdoor. Essa ação já está na fase de testes e sendo apresentada a grupos de pecuaristas convidados.

Tudo isso porque a rastreabilidade desempenha um papel fundamental na garantia da qualidade e segurança dos produtos de origem animal, uma exigência dos mercados brasileiro e internacional. Ferramentas e soluções tecnológicas que permitam monitorar em tempo real o desempenho dos animais, identificando problemas precocemente e tomando medidas para corrigi-los já são a muito esperadas pelos pecuaristas. Com isso, é possível aumentar a produtividade da fazenda, melhorar a qualidade do leite e carne produzidos. A busca de respostas mais precisas a serem dadas ao mercado consumidor urge.

Como garantir que o produto que chega às gôndolas brasileiras ou destinado à exportação esteja isento de passivo socioambiental? Como garantir que a carne não foi produzida, em todo o seu ciclo de vida, em terras com litígios ambientais ou de desmate ilegal?  Como assegurar que a mão de obra responsável pelo manejo gado não sofreu com trabalho escravo ou infantil?  Para responder estas perguntas assertivamente, os pecuaristas precisam das garantias que as tecnologias de monitoramento e de rastreamento animal podem dar. Sem isso, não há futuro comercial para estes rebanhos.

Do pasto à mesa

Não vejo como responder a estas demandas sem o uso da internet das coisas (IoT) que permite ser cada vez mais eficiente e preciso, acompanhando a vida do bezerro desde o seu nascimento até sua fase adulta e abate. É fundamental monitorar todos os estágios do processo de produção e distribuição, desde a fazenda até a mesa do consumidor, garantindo que o gado não traz consigo os passivos ambientes e sociais mencionados.

Assim, sensores nos animais e dispositivos conectados via cloud são fundamentais para coletar dados em tempo real sobre vários parâmetros: habitat da criação, bem-estar animal, seu crescimento e peso, cuidados no transporte e, até mesmo, condições de armazenamento da carne. As informações devem estar registradas em bancos de dados, disponibilizadas de forma certificada e acessível a todas as partes envolvidas na cadeia produtiva, proporcionando maior transparência e confiabilidade.

A pecuária de precisão tem muito a se beneficiar das tecnologias de internet das coisas, porque são recursos que permitem que os proprietários de fazendas monitorem e gerenciem melhor seus rebanhos. Entretanto, um dos desafios da Internet das Coisas (IoT) na pecuária é garantir o funcionamento na realidade das condições do campo, seja em ambientes indoor como também nos ambientes abertos (outdoor), garantindo conectividade local e cloud, baixo custo de implementação e grande facilidade de instalação e uso. 

Rastreabilidade com beacons

Para este desafio de sistema de monitoramento, o dispositivo indicado é o beacon, junto com gateways e plataforma de monitoramento.  Os beacons operam sob a tecnologia Bluetooth low energy (BLE) que tem se disseminado cada vez mais graças a pluralização dos smartphones e inúmeros devices.

Beacons muito bem construídos, robustos para suportar a dureza do ambiente rural, com baixo consumo de energia, garantindo sua longevidade operacional, e com inteligência sistêmica para inferir e adaptar-se ao ambiente em que está.

Gateways que permitam captar e transmitir as informações a plataformas locais e em nuvem, independentemente da geografia onde as soluções sejam aplicadas.  Para completar, uma plataforma de software robusta e muito inteligente para dar as respostas tão desejadas.

Identificar o animal desde o seu nascimento, fornecer a localização deste em tempo real e seu histórico durante todas as suas fases produtivas, responderá as primeiras e mais importantes perguntas: onde está ou esteve o animal? Os locais por onde ele passou estão isentos dos passivos ambientais e sociais?

Muito trabalho manual, atualmente, é praticado, sem garantias de confiabilidade e exposto a possibilidades de erros. A meta é garantir os resultados almejados, que podem ser fortemente ampliados com integrações a sensores que meçam o consumo de água, de alimentação, além de incluir no projeto a conectividade com outros serviços e soluções de mercado.  Um verdadeiro ganha-ganha para todos os envolvidos.

Um projeto deste nível é sucesso certo quando o trabalho é realizado em conjunto por zootecnistas, veterinários, produtores e gestores com a equipe de especialistas em tecnologia. Afinal, a pecuária de precisão é uma área de conhecimento multidisciplinar.

Garantia de origem e de qualidade

A participação do agronegócio no total do PIB brasileiro ficou em 24,8% em 2022 e a meta é ampliar esta representatividade, estabelecendo um ritmo constante de crescimento nos próximos anos. Além disso, a pecuária brasileira já é considerada uma das mais produtivas em todo o mundo e o país é um dos maiores exportadores de carne bovina do planeta.

Por isso, o desenvolvimento de um sistema de identificação e rastreamento animal de baixo custo com tecnologia genuinamente brasileira ajudará o produtor rural a melhorar o seu planejamento, manejo, monitoramento do gado e gerenciamento das atividades estratégicas da propriedade, fornecendo dados que elevarão a pecuária nacional a um novo patamar. Entre os dados estão: identificação, localização e rastreabilidade para que se maximize os resultados operacionais, proporcionando mais eficiência e redução de custos.

A rastreabilidade das condições de criação desta cabeça de gado vai agregar valor à produção de carne brasileira, pois o criador poderá armazenar uma série de dados, garantindo que o seu produto foi criado nas condições sanitárias e de manejo indicadas por órgãos brasileiros e internacionais.

A partir dessas informações registradas, será possível fornecer aos consumidores dados detalhados sobre a origem do gado, como local da criação, alimentação fornecida e cuidados específicos. Essa transparência contribuirá para o fortalecimento da confiança dos consumidores na qualidade e segurança dos produtos de origem animal do Brasil.

A rastreabilidade é uma crescente necessidade para exportação, uma vez que países compradores têm apresentados exigências mais rigorosas quanto à segurança alimentar. Ao oferecer carne com rastreabilidade comprovada, o Brasil ganha vantagem competitiva nesse mercado globalizado e reforça sua posição como um produtor confiável, socialmente e ambientalmente responsável.

*Werter Padilha, CEO da Taggen Industries e Services e Conselheiro da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software

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