Artigos

A produção em série de “celebridades” descartáveis

*Por Chris Santos

A produção em série de “celebridades” descartáveis é um fenômeno notório na sociedade contemporânea. A fama, uma suposta aura que distingue certos indivíduos do universo de pessoas comuns, tem sido amplamente valorizada. Toda uma infraestrutura comunicacional é montada em torno dessas figuras: empresários, assessores de imprensa, fotógrafos, sites e revistas dedicadas a explorar suas vidas e intimidade. Mais recentemente, as redes sociais com milhões de seguidores também se tornaram parte desse aparato.

Marcas diversas investem vultuosos cachês para garantir a presença VIP desses “famosos” em eventos como festas e camarotes de carnaval, onde bastam algumas horas para que seu brilho efêmero aumente o suposto prestígio das ocasiões. No entanto, um questionamento se torna inevitável: o que essas pessoas fizeram para alcançar tal notoriedade? O tempo em que a fama era conquistada por meio de um trabalho, de talento e performance artisticamente reconhecida—como atuação, canto ou literatura—parece ter ficado para trás.

Na era atual, programas de televisão que vou chamar aqui de “fábricas de celebridades” desempenham o papel de criar ícones passageiros. Os reality shows, em especial as mais de 20 edições do Big Brother Brasil (BBB), exemplificam bem essa dinâmica. Esses programas são especialistas na produção em série de “celebridades” descartáveis, que experimentam seus 15 minutos de fama, são categorizadas como ex-BBBs, mantêm-se na mídia por um breve período e logo desaparecem. Você pode se lembrar de outros programas que existem por aí, que também são bons exemplos desse fenômeno.

Alguns ex-participantes ainda se esforçam para prolongar sua presença sob os holofotes, em muitas ocasiões recorrendo a comportamentos extravagantes. No entanto, como quase tudo na contemporaneidade, a fama é efêmera e volátil. O ciclo exige constantemente novas personalidades, abrindo espaço tanto para os recém-saídos das novas edições dos reality shows quanto para os emergentes das redes sociais.

Este cenário reflete a volatilidade como a sociedade atual, muitas vezes, trata a “fama”. É um ciclo contínuo de produção e descarte, onde a longevidade se perde em meio ao desejo incessante por novidades e entretenimento, mesmo que fugaz. Mas, será que toda essa suposta “fama” realmente importa?

*Chris Santos é uma profissional com mais de 30 anos de experiência em comunicação corporativa, assessoria de imprensa e marketing digital. Com bacharelados em Relações Públicas e em Ciências Sociais, pela USP; especialização em Gestão de Processos Comunicacionais (USP); MBA em Gestão de Marcas (Branding), pela Anhembi-Morumbi; e mestre em Comunicação e Política, pela UNIP. Tem se dedicado ao estudo de tendências nas áreas de marketing digital, jornalismo, comunicação e política e tecnologias da comunicação e informação.

Read More
Artigos

Uma vassoura e a sociedade do consumo

*Por Chris Santos

A sociedade contemporânea é caracterizada por uma cultura do consumo, onde a identidade e o status social são frequentemente definidos pela posse de bens materiais e de luxo. Carros, como Mercedes e veículos elétricos da Honda, tênis da marca Nike, e até um simples café da Starbucks tornaram-se símbolos de prestígio e pertencimento. Essa associação entre marca e status não é um acidente, mas influenciada por estratégias de marketing bem elaboradas e repetidas que criam uma aura de desejo em torno de produtos e serviços.

A aspiração por produtos de marca não só influencia as escolhas do consumidor, mas também pode levar a comportamentos financeiramente imprudentes. Muitos indivíduos economizam intensamente ou se endividam para adquirir itens que acreditam que irão elevar seu status social. Isso muitas vezes envolve sacrificar necessidades básicas ou comprometer significativamente a saúde financeira pessoal para ostentar um símbolo de “riqueza”, de status.

O consumo exacerbado não se limita à aquisição de itens considerados de “luxo”. Nos lares, acumulam-se quantidades enormes de produtos pouco utilizados – de calças jeans a gadgets eletrônicos – porque, na sociedade do consumo, ter mais, especialmente de marcas renomadas, é frequentemente visto como um sinônimo de ser mais. Além disso, eventos como liquidações massivas são estrategicamente organizados pelas marcas para eliminar estoques, mas também para tentar os consumidores a comprar mais do que necessitam, muitas vezes resultando em cenas de caos e disputas por produtos – recentemente, me chamou a atenção as notícias veiculadas em jornais de pessoas que se machucaram na liquidação realizada por um supermercado enquanto disputavam vassouras.

No topo da pirâmide social, os mais ricos não apenas participam desse ciclo, mas também ajudam a perpetuá-lo ao estabelecer novas tendências de consumo, que são rapidamente disseminadas. Nesse contexto, o marketing de influência passou a desempenhar um papel relevante, pois celebridades e influenciadores digitais promovem produtos e estilos de vida que muitos procuram imitar.

Essas práticas de consumo, embora parte integrante da economia capitalista, trazem consigo sérios problemas, não só financeiros, mas também ambientais e sociais. O consumo exacerbado resulta em aumento significativo da produção de lixo e exploração de recursos naturais. Além disso, contribui para problemas de saúde mental, visto que muitas vezes o consumo é uma tentativa de preencher vazios emocionais ou de alcançar uma felicidade ilusória, que nunca é verdadeiramente satisfeita por bens materiais.

É vital discutir e promover mais conscientização sobre os impactos do consumo desmedido, incentivando práticas mais sustentáveis. Esta conscientização passa pela educação sobre finanças pessoais, a promoção de um consumo mais ético e consciente, e um questionamento mais profundo sobre os valores que definem nossa sociedade. Até quando vamos permitir que nossa felicidade e nosso bem-estar sejam continuamente medidos e definidos pela última coisa que compramos?

A sustentabilidade reside em consumir menos, mas em valorizar mais o que realmente importa: relacionamentos mais equilibrados, saúde, e bem-estar tanto individual quanto coletivo. É essencial promover a conscientização sobre práticas sustentáveis em todos os aspectos da vida cotidiana, incluindo o consumo responsável de recursos naturais e de produtos e serviços.

*Chris Santos é uma profissional com mais de 30 anos de experiência em comunicação corporativa, assessoria de imprensa e marketing digital. Com bacharelados em Relações Públicas e em Ciências Sociais, pela USP; especialização em Gestão de Processos Comunicacionais (USP); MBA em Gestão de Marcas (Branding), pela Anhembi-Morumbi; e mestre em Comunicação e Política, pela UNIP. Tem se dedicado ao estudo de tendências nas áreas de marketing digital, jornalismo, comunicação e política e tecnologias da comunicação e informação.

Read More
Artigos

Momento de reflexão sobre o crescente estrangeirismo em nossa comunicação

*Por Chris Santos

Momento de reflexão sobre o crescente estrangeirismo em nossa comunicação

O inglês é uma língua importante e universal, sim. Em um mundo cada vez mais globalizado, é crucial e valorizado dominá-lo. Porém, a disseminação exagerada de termos em inglês em setores como Recursos Humanos, Publicidade e Comunicação no Brasil, resulta em um entendimento parcial ou até mesmo total desentendimento de certos contextos, criando assim uma espécie de “elitismo linguístico”. É o que se classificou de “estrangeirismo”, entendido como o uso de palavras ou expressões provenientes de outras línguas em outro determinado idioma.

As palavras em inglês são bonitas e até podem transmitir um certo glamour, mas não podemos deixar que isso ofusque o valor da nossa língua natal. O uso desnecessário de tais termos acaba empobrecendo e simplificando o nosso idioma, além de criar uma valoração excessiva do inglês, ao ponto de considerá-lo superior.

O uso da língua inglesa deve ser encarado como um instrumento de comunicação internacional e não como um substituto para nossa língua nativa em contextos nos quais ela é plenamente capaz de expressar as mesmas ideias. Vamos dar o devido valor à nossa Língua Portuguesa, que é um dos idiomas mais falados no mundo, cheio de beleza, expressividade e riqueza cultural.

Termos como marketing, hot dog, brainstorm, coffee break, backup, check-in, entre outras, estão em nosso dia a dia faz um bom tempo.  É possível pararmos para analisar e verificar quais existem similares em português que se adaptariam melhor no uso.

A Língua Portuguesa é viva e tem espaço para inclusões. Entretanto, esse movimento não para e chegamos ao exagero de substituir palavras usuais por termos em inglês sem qualquer necessidade. Mas se parece como um esforço de “falar difícil” ou deixar a conversa difícil de ser entendida. Até hoje, quando trabalhei em uma multinacional e muita gente usava o termo “asap”. Fiquei dias sem entender, até que descobri que era a abreviação de “as soon as possible” (o mais breve possível).

Atualmente, integração de funcionários virou onboarding; educação continuada é lifelong learning; demissão virou layoff, nada mais é do que o temido corte de pessoal; upskilling significa qualificação; reskilling é requalificação; reforma da casa virou retrofit. Mas, será que precisamos da incorporação destes novos termos em inglês quando temos palavras em português tão claras, diretas e de fácil entendimento?

Seria importante que as empresas, escolas e a sociedade em geral, começassem a refletir sobre o uso excessivo de termos em inglês. Precisamos parar de associar a aderência a uma cultura estrangeira diretamente com modernidade, sofisticação ou competência. Ser verdadeiramente moderno e competente é saber respeitar e valorizar a própria cultura, sem deixar de lado a universalidade.

Adotar um termo estrangeiro quando não temos um correspondente em nossa língua é até compreensível, mas substituir palavras do Português que já são de domínio público por outras em inglês têm mesmo alguma necessidade? É essencial buscar equilíbrio. A adequada utilização de estrangeirismos pode enriquecer o vocabulário, desde que seja feita com moderação e considerando sempre a clareza da comunicação.

*Chris Santos é uma profissional com mais de 30 anos de experiência em comunicação corporativa, assessoria de imprensa e marketing digital. Com bacharelados em Relações Públicas e em Ciências Sociais, pela USP; especialização em Gestão de Processos Comunicacionais (USP); MBA em Gestão de Marcas (Branding), pela Anhembi-Morumbi; e mestre em Comunicação e Política, pela UNIP. Tem se dedicado ao estudo de tendências nas áreas de marketing digital, jornalismo, comunicação e política e tecnologias da comunicação e informação.

Read More
Artigos

Internet das Coisas, a pecuária de precisão e a sustentabilidade

*Por Werter Padilha

Tem aumentado o número de pecuaristas brasileiros interessados e dispostos a investir em tecnologias associadas ao que denominamos de pecuária de precisão.  Qualquer ação que visa otimizar os resultados produtivos e reduzir os custos operacionais sempre são bem-vindos.  Para isso, pesquisadores têm buscado nas últimas décadas alcançar êxito por meio de diferentes tecnologias de sensoriamento, rastreabilidade, controle e automação. Mas, atualmente, o agronegócio precisa muito mais que apenas monitoramento. É cada vez mais relevante garantir a excelência e responder qualquer questionamento em relação à origem da produção.

Na COP 28, 28ª Conferências das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, realizada em Dubai, um programa de identificação individual e a rastreabilidade do gado foi apresentado pelo governo do Pará, baseado na união entre governo estadual e empresas em busca de transparência e integridade de toda a cadeia produtiva, e garantia de respeito às regras sanitárias, fundiárias e socioambientais, contribuindo para combater o desmatamento. A JBS, grande player global integra este programa do Pará e anunciou investimentos. Já a Marfrig, outra potência desse mercado, também noticiou que aportará R$ 100 milhões em programas de rastreabilidade individual do rebanho bovino. Outra iniciativa em andamento é liderada pela unidade Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP), e foca o rastreamento em tempo real dos animais indoor e nos piquetes outdoor. Essa ação já está na fase de testes e sendo apresentada a grupos de pecuaristas convidados.

Tudo isso porque a rastreabilidade desempenha um papel fundamental na garantia da qualidade e segurança dos produtos de origem animal, uma exigência dos mercados brasileiro e internacional. Ferramentas e soluções tecnológicas que permitam monitorar em tempo real o desempenho dos animais, identificando problemas precocemente e tomando medidas para corrigi-los já são a muito esperadas pelos pecuaristas. Com isso, é possível aumentar a produtividade da fazenda, melhorar a qualidade do leite e carne produzidos. A busca de respostas mais precisas a serem dadas ao mercado consumidor urge.

Como garantir que o produto que chega às gôndolas brasileiras ou destinado à exportação esteja isento de passivo socioambiental? Como garantir que a carne não foi produzida, em todo o seu ciclo de vida, em terras com litígios ambientais ou de desmate ilegal?  Como assegurar que a mão de obra responsável pelo manejo gado não sofreu com trabalho escravo ou infantil?  Para responder estas perguntas assertivamente, os pecuaristas precisam das garantias que as tecnologias de monitoramento e de rastreamento animal podem dar. Sem isso, não há futuro comercial para estes rebanhos.

Do pasto à mesa

Não vejo como responder a estas demandas sem o uso da internet das coisas (IoT) que permite ser cada vez mais eficiente e preciso, acompanhando a vida do bezerro desde o seu nascimento até sua fase adulta e abate. É fundamental monitorar todos os estágios do processo de produção e distribuição, desde a fazenda até a mesa do consumidor, garantindo que o gado não traz consigo os passivos ambientes e sociais mencionados.

Assim, sensores nos animais e dispositivos conectados via cloud são fundamentais para coletar dados em tempo real sobre vários parâmetros: habitat da criação, bem-estar animal, seu crescimento e peso, cuidados no transporte e, até mesmo, condições de armazenamento da carne. As informações devem estar registradas em bancos de dados, disponibilizadas de forma certificada e acessível a todas as partes envolvidas na cadeia produtiva, proporcionando maior transparência e confiabilidade.

A pecuária de precisão tem muito a se beneficiar das tecnologias de internet das coisas, porque são recursos que permitem que os proprietários de fazendas monitorem e gerenciem melhor seus rebanhos. Entretanto, um dos desafios da Internet das Coisas (IoT) na pecuária é garantir o funcionamento na realidade das condições do campo, seja em ambientes indoor como também nos ambientes abertos (outdoor), garantindo conectividade local e cloud, baixo custo de implementação e grande facilidade de instalação e uso. 

Rastreabilidade com beacons

Para este desafio de sistema de monitoramento, o dispositivo indicado é o beacon, junto com gateways e plataforma de monitoramento.  Os beacons operam sob a tecnologia Bluetooth low energy (BLE) que tem se disseminado cada vez mais graças a pluralização dos smartphones e inúmeros devices.

Beacons muito bem construídos, robustos para suportar a dureza do ambiente rural, com baixo consumo de energia, garantindo sua longevidade operacional, e com inteligência sistêmica para inferir e adaptar-se ao ambiente em que está.

Gateways que permitam captar e transmitir as informações a plataformas locais e em nuvem, independentemente da geografia onde as soluções sejam aplicadas.  Para completar, uma plataforma de software robusta e muito inteligente para dar as respostas tão desejadas.

Identificar o animal desde o seu nascimento, fornecer a localização deste em tempo real e seu histórico durante todas as suas fases produtivas, responderá as primeiras e mais importantes perguntas: onde está ou esteve o animal? Os locais por onde ele passou estão isentos dos passivos ambientais e sociais?

Muito trabalho manual, atualmente, é praticado, sem garantias de confiabilidade e exposto a possibilidades de erros. A meta é garantir os resultados almejados, que podem ser fortemente ampliados com integrações a sensores que meçam o consumo de água, de alimentação, além de incluir no projeto a conectividade com outros serviços e soluções de mercado.  Um verdadeiro ganha-ganha para todos os envolvidos.

Um projeto deste nível é sucesso certo quando o trabalho é realizado em conjunto por zootecnistas, veterinários, produtores e gestores com a equipe de especialistas em tecnologia. Afinal, a pecuária de precisão é uma área de conhecimento multidisciplinar.

Garantia de origem e de qualidade

A participação do agronegócio no total do PIB brasileiro ficou em 24,8% em 2022 e a meta é ampliar esta representatividade, estabelecendo um ritmo constante de crescimento nos próximos anos. Além disso, a pecuária brasileira já é considerada uma das mais produtivas em todo o mundo e o país é um dos maiores exportadores de carne bovina do planeta.

Por isso, o desenvolvimento de um sistema de identificação e rastreamento animal de baixo custo com tecnologia genuinamente brasileira ajudará o produtor rural a melhorar o seu planejamento, manejo, monitoramento do gado e gerenciamento das atividades estratégicas da propriedade, fornecendo dados que elevarão a pecuária nacional a um novo patamar. Entre os dados estão: identificação, localização e rastreabilidade para que se maximize os resultados operacionais, proporcionando mais eficiência e redução de custos.

A rastreabilidade das condições de criação desta cabeça de gado vai agregar valor à produção de carne brasileira, pois o criador poderá armazenar uma série de dados, garantindo que o seu produto foi criado nas condições sanitárias e de manejo indicadas por órgãos brasileiros e internacionais.

A partir dessas informações registradas, será possível fornecer aos consumidores dados detalhados sobre a origem do gado, como local da criação, alimentação fornecida e cuidados específicos. Essa transparência contribuirá para o fortalecimento da confiança dos consumidores na qualidade e segurança dos produtos de origem animal do Brasil.

A rastreabilidade é uma crescente necessidade para exportação, uma vez que países compradores têm apresentados exigências mais rigorosas quanto à segurança alimentar. Ao oferecer carne com rastreabilidade comprovada, o Brasil ganha vantagem competitiva nesse mercado globalizado e reforça sua posição como um produtor confiável, socialmente e ambientalmente responsável.

*Werter Padilha, CEO da Taggen Industries e Services e Conselheiro da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software

Read More
Artigos

Influenciador digital: uma “profissão” que traz responsabilidades

*Por Chris Santos

As reflexões sobre opinião e influência já são conduzidas por filósofos, sociólogos e estudiosos da comunicação há várias décadas. Envolve discussões e conceitos sobre opinião pública, meios de comunicação de massa e a atuação dos formadores ou líderes de opinião.

A respeito de liderança de opinião (ROGERS e SHOEMAKER, 1971, p. 35 apud TUZZO e FIGUEIREDO, 2010, p. 78)[1] veremos que:

Liderança de opinião é um estágio em que um indivíduo é capaz de, informalmente, influenciar a atitude e o comportamento de outros indivíduos com relativa frequência. É um tipo de ascendência informal, que não depende da posição social ou status dentro do sistema, mas é conquistada e mantida pela competência técnica, pela acessibilidade social e pela conformidade com as regras do sistema. 

É possível se discutir o quanto de “informal” existe nesse processo de influência, pois um grande número dos chamados “influenciadores” ocupam posições em organizações e empresas, como padres, celebridades, artistas, executivos, maquiadores, nutricionistas etc.

No atual cenário midiático, com o advento dos blogs e das redes sociais, a possibilidade de utilizar canais de comunicação para influenciar opiniões e decisões foi amplificada. Ao mesmo tempo, cresceu exponencialmente o número de indivíduos que querem exercer esse poder de influência por meio dos canais digitais.

Blogueiros, youtubers e vloggers, que prevaleceram na primeira onda da ascensão da comunicação digital no começo dos anos 2000, desistiram ou acompanharam a evolução do universo de redes sociais e a necessidade deste formador de opinião estar presente em diferentes plataformas. Usar apenas o termo “blogueiro/a” não traduzia esta nova realidade multiplataforma.

Resumidamente, foi com o surgimento de novas redes sociais que o termo “influenciador digital” se estabeleceu para nomear este produtor de conteúdo do universo digital. Na avaliação de Karhawi[2] (2017):

Os influenciadores são aqueles que têm algum poder no processo de colocar discussões em circulação; poder de influenciar em decisões em relação ao estilo de vida, gostos e bens culturais daqueles que estão em sua rede.

Em um passado recente, a formação de opinião não era vista como uma profissão. Sob este rótulo encontramos advogados, médicos, arquitetos, engenheiros, estilistas, artistas e pessoas da chamada high Society ou qualquer outro profissional com conhecimento e experiência eram considerados formadores de opinião. Evidente que aqueles que tinham reputação, credibilidade ou fãs eram contratados para eventos, entrevistados ou participavam de campanhas publicitárias, mediante pagamento.

Já o influenciador digital, diferente da definição básica de formador de opinião, está, atualmente, em um patamar diferente. Ele passou a exercer sua atividade como profissão e a ser pago por marcas com muito mais frequência. Isso significa que seu trabalho consiste em criar conteúdo para as redes sociais que promova produtos ou serviços das empresas com as quais tem parceria comercial. A priori, o influenciador precisa ter um bom número de seguidores, uma boa reputação on-line e estar sempre atento às tendências.

Estudo da multinacional Nielsen Media Research aponta que no Brasil existem, hoje, pelo menos “500 mil influenciadores, com no mínimo 10 mil seguidores cada. É mais do que o número de engenheiros civis (455 mil) e dentistas (374 mil)”. Também vamos encontrar as agências especializadas em marketing de influência e aquelas que agenciam times de influenciadores, nos mesmos moldes dos agenciadores de atores e atrizes.

Com o aumento de influenciadores digitais, aqueles que são pagos por empresas para promover produtos e serviços devem cumprir algumas regras. Por isso, em 2019, o CONAR – Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária criou o “Guia de Publicidade por Influenciadores Digitais” a fim de fornecer diretrizes sobre o assunto. Além disso, já foram impetradas ações judiciais baseadas nas normas estabelecidas pelo Código de Defesa do Consumidor e pelo Código Civil.

Assim, por mais que existam alvoroço e glamour em torno desta nova “profissão” (um aspecto que demanda uma discussão específica”), o influenciador deve se informar a respeito de suas responsabilidades ao endossar um produto ou serviço para evitar problemas futuros para si e seus seguidores.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

KARHAWI, Issaaf. Influenciadores Digitais: Conceitos e Práticas em Discussão. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/341983923_Influenciadores_digitais_conceitos_e_praticas_em_discussao. Consulta em 04 de janeiro de 2023.

TUZZO, Simone e FIGUEIREDO, Lívia.  Liderança de Opinião: Mídias Locais e a Interpessoalidade. Comunicação & Informação, v. 13, n.2: p. 77-90 – jul./dez. 2010. Disponível em https://repositorio.bc.ufg.br/bitstream/ri/1355/1/20714-86503-1-PB.pdf. Acesso em 04 de janeiro de 2023.

________________

[1] TUZZO, Simone e FIGUEIREDO, Lívia.  Liderança de Opinião: Mídias Locais e a Interpessoalidade. Comunicação & Informação, v. 13, n.2: p. 77-90 – jul./dez. 2010. Disponível em https://repositorio.bc.ufg.br/bitstream/ri/1355/1/20714-86503-1-PB.pdf. Acesso em 04 de janeiro de 2023.

[2] KARHAWI, Issaaf. Influenciadores Digitais: Conceitos e Práticas em Discussão. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/341983923_Influenciadores_digitais_conceitos_e_praticas_em_discussao. Consulta em 04 de janeiro de 2023.

Read More
Artigos

Data Analytics contribui para o avanço da agenda ESG

*Por Bruno Guerra, CEO da IN – Inteligência de Negócios

Nos últimos anos temos ouvido muito sobre estratégia ESG (Enviromental, Social e Governance, que traduzida para o português quer dizer: meio ambiente, social e governança). Um dos pontos de destaque deste debate global aponta a responsabilidade e a importância de as empresas participarem ativamente do combate às mudanças climáticas, ao racismo e à pobreza, investirem na redução do impacto dos seus produtos e serviços no meio ambiente, criar um ambiente financeiro mais confiável e resiliente, implementar mais transparência e prestação de contas da gestão.

Quando focamos uma estratégia ESG na realidade de cada empresa, sabemos que os sistemas tecnológicos e os dados estão transformando rapidamente organizações dos mais diferentes setores econômicos e a sociedade. Por isso, devemos e podemos destacar os benefícios do Data Analytics para que as empresas possam modernizar e/ou reinventar seus negócios, alinhando-os com as metas ESG. Existe uma necessidade crescente de se desenvolver e implementar abordagens de ESG orientadas por análises de dados para superar os muitos desafios que a sociedade, da qual as empresas fazem parte, enfrenta.

Um trabalho de Data Analytis deve fazer parte da implementação da estratégia ESG a fim de se definir metas mensuráveis de como a empresa está progredindo em direção aos seus objetivos de sustentabilidade a curto, médio e longo prazos.

Especialistas em ESG destacam a importância do esforço para se criar bons KPIs (Key Performance Indicators ou indicadores-chave de performance) e OKRs (Objectives and Key Results ou Objetivos e Resultados-chave). Eles destacam ainda que os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030, estabelecidos pela ONU, podem ser considerados como os OKRs globais e adaptados para orientar a avaliação contínua da estratégia ESG em cada empresa.

De acordo com o Gartner, no que se refere à agenda ESG, é possível medir o desempenho das empresas em “uma ampla gama de tópicos, como emissões de gases de efeito estufa (GEE), diversidade da força de trabalho e remuneração de executivos”, só para citar alguns destes tópicos.

A análise avançada de dados e a visualização dos dados por meio de dashboards permitem que as organizações saibam se estão cumprindo as metas ESG e para que façam os ajustes de rota necessários, se estiverem distantes dos KPIs.

Assim como se educa os colaboradores a respeito da importância da adoção do Data Analytics, é preciso também orientar sobre a relevância da ESG, as motivações da empresa e os benefícios locais e gerais, a fim de se aumentar a motivação e o engajamento do time.

Somos parte de um movimento que se empenha para construir um novo modelo de desenvolvimento socioeconômico para o século XXI. Estamos falando de uma grande meta de fazer do mundo um lugar melhor, com ações que começam no interior de cada organização, de cada companhia.

*Bruno Guerra, CEO da IN – Inteligência de Negócios

Read More
Artigos

5 passos para se criar uma empresa orientada por dados

*Bruno Guerra – CEO da IN – Inteligência de Negócios

Uma empresa cria uma incontável quantidade de dados diariamente. No mundo ideal, era de se esperar que o uso destes dados ajudasse a revolucionar e orientar a tomada de decisões nos negócios. Entretanto, não é isso que ocorre. O valor dos dados é incalculável, mas, na maior parte das vezes, não é explorado. O desafio de cada empresa é ter estratégias e investimentos em Integração para conseguir maximizar o Business Intelligence (BI) e Analytics avançado, seja qual for seu porte ou setor econômico, para tirar valor destes dados.

Por mais que encontremos companhias que tenham projetos de BI e Analytics, o cenário nacional é formado majoritariamente por empresas que ainda não investiram em estratégias nestas áreas. Temos as empresas que nem começaram a jornada de dados e temos também aquelas que coletam e armazenam as informações em seus bancos de dados e raramente usam esses dados em análises em prol de suas organizações.

Os 5 passos que apresento aqui são direcionados às empresas que estão com dúvidas sobre como começar a implementar processos de inteligência competitiva e ativa; como monitorar melhor todas as atividades da empresa; e também tomar decisões com mais agilidade baseadas em dados e, num futuro próximo, realizar análises antecipadas com precisão (esse é um estágio avançado que precisará do domínio de técnicas estatísticas e de ferramentas de Advanced Analytics).

Passo 1 – Capacitação de sua equipe (Data Literacy): uma empresa que deseja ser orientada por dados, precisa começar com a capacitação de sua equipe (data literacy). Não precisa ser todos os funcionários ao mesmo tempo. O treinamento por meio de cursos internos ou externos pode ser direcionado, inicialmente, para colaboradores das áreas financeira, comercial e de produção.

Passo 2 – Definir um budget e um cronograma: esse passo é dado concomitantemente com a capacitação da equipe. Os colaboradores já podem trazer alguns inputs para elaboração de um cronograma inicial e de um orçamento, que deverão passar por ajustes à medida que as atividades evoluírem.

Passo 3 – Selecionar seus parceiros tecnológicos: com o número de ferramentas de análise de dados disponíveis, o gestor pode contratar uma consultoria especializada para ajudar na condução do projeto de BI e Analytics. É preciso considerar a realidade da empresa a fim de selecionar os parceiros tecnológicos iniciais e futuros, à medida que o projeto evolui.

Passo 4 – Mapeamento de onde estão os dados na empresa: onde estão os dados relevantes da empresa? Nem todos os líderes empresariais conseguem responder esta questão. Muitos dados não estão estruturados, o que significa que não são facilmente capturados ou quantificáveis.

Passo 5 – Estabelecer um programa contínuo que crie uma cultura de análise de dados na empresa: estudo mencionado em artigo na Harvard Business Review, aponta que 91,9% dos executivos citam os obstáculos culturais como a maior barreira para uma empresa de tornar orientada por dados. Além da capacitação da equipe (data literacy), é necessário que todos os colaboradores entendam que a criação de uma empresa data driven depende da participação de todos, de mudanças profundas de mentalidade e de processos.

Comece a realizar esta jornada e pense no longo prazo. Não tenha receio de errar e aprenda por meio da experiência. Tornar a empresa orientada por dados é um processo e os líderes precisam dar um primeiro passo e não parar.

Read More
Artigos

Invasão de privacidade e “lacração” nas redes sociais: o que o futuro nos reserva?

*Por Chris Santos

O advento das redes sociais e da internet abalou os veículos de comunicação tradicionais, como os jornais e revistas, e intensificou os debates sobre a invasão de privacidade e ética profissional. Por isso, este novo texto retoma as reflexões que comecei no artigo A privacidade em um mundo instagramável.

Já existia uma exibição grande da vida de artistas nas revistas de entretenimento e de “fofocas” e nas colunas sociais, como Contigo e Caras. Passamos pela era de ouro dos paparazzis, nos anos 2000, representada por fotógrafos que perseguiam famosos a fim de flagrarem estas pessoas em momentos íntimos ou que precisavam ser mantidos em segredo, fora dos holofotes.

Apesar da popularização das redes sociais e da globalização da internet, que mudou este cenário, pois os próprios artistas abrem sua intimidade em seus perfis, ainda existem os jornalistas, youtubers, influencers e colunistas que vivem da exploração deste tipo de conteúdo, muitas vezes repercutindo o que foi publicado nos perfis dos artistas. Mas, ainda existe a aspiração de vários destes comunicadores de “lacrar”, sinônimo de ter sucesso de audiência ou dar um “furo”, ou seja, divulgar uma notícia antes dos demais concorrentes. A qual custo? Esta é uma pergunta que fazíamos na época dos paparazzi e que persiste até hoje.

O jornalista Léo Dias, do site Metrópoles, e a youtuber Antonia Fontenelle representam um caso recente deste ímpeto de “lacrar a todo custo”. Eles divulgaram uma notícia sobre uma atriz que passou por uma gravidez sem alarde e encaminhou a criança que nasceu para adoção.

Mesmo sem informar inicialmente o nome desta atriz, os dois deram várias dicas que permitiram que o público descobrisse de quem se tratava – até que a artista resolveu vir a público. Não planejo citar o nome da atriz e detalhes da estória, que envolve um estupro associado à gestação. Entretanto, creio que devemos nos questionar o quanto esta invasão de privacidade é válida, o quanto “lacrar” está acima do respeito e o porquê de a internet e as redes sociais se transformarem em um tribunal inclemente.

Este caso suscitou questionamentos em relação à ética jornalística e da enfermagem, já que existem indícios de que a fonte das informações foi uma enfermeira da equipe que atendeu a atriz. Além disso, informações sobre saúde são consideradas dados pessoais sensíveis pela Lei Geral de Proteção de Dados.

Esta situação me lembrou o desrespeito na divulgação de fotos do cantor Cristiano Araújo, durante o procedimento de preparação do seu corpo para o velório, cujos responsáveis foram demitidos por justa causa e indiciados, fato ocorrido em 2015. Por que Léo Dias e Antonia Fontenelle continuam em suas posições, diante de v e desrespeito à LGPD?

Podemos nos perguntar sobre as práticas antiéticas na comunicação de massa e nas redes sociais, casos de sextorsão ou pornô de vingança (revenge porn), com chantagem ou divulgação efetiva de fotos ou vídeos íntimos. Essas ações de despeito e crime estão ganhando a batalha, já que a preservação da intimidade é cada vez mais difícil?

As marcas deveriam acompanhar mais de perto onde investem suas verbas publicitárias e o conteúdo inapropriado que monetizam, como podemos ver em outro recente caso do ex-vereador Gabriel Monteiro (RJ), que foi cassado após denúncias de assédio sexual, exploração infantil e falsificação de conteúdo, que faturava cerca de R$ 300 mil por mês do Google, por causa do seu canal no Youtube.

O foco desta reflexão não é a de alimentar a visão apocalíptica a respeito do universo das redes sociais e do conteúdo on-line. Mas, precisamos sempre refletir sobre os caminhos que estão sendo trilhados e o quanto podemos afundar em um pântano no qual prevalecem apenas a audiência e os views a todo custo. O que o futuro nos reserva?

 

*Chris Santos é uma profissional com mais de 30 anos de experiência em comunicação corporativa, assessoria de imprensa e marketing digital. Com bacharelados em Relações Públicas e em Ciências Sociais, pela USP; especialização em Gestão de Processos Comunicacionais (USP); MBA em Gestão de Marcas (Branding), pela Anhembi-Morumbi; e mestre em Comunicação e Política, pela UNIP. Tem se dedicado ao estudo de tendências nas áreas de marketing digital, jornalismo, comunicação e política e tecnologias da comunicação e informação.

Read More
Artigos

A evolução da Análise de Dados está baseada em Data Literacy e na Inteligência Ativa

*por Bruno Guerra

De acordo com a mais recente pesquisa da Qlik, “Alfabetização de Dados: A Evolução da Requalificação”89% dos executivos C-level esperam que os membros das suas equipes expliquem como os dados foram utilizados para basear suas decisões. Por outro lado, apenas 11% dos funcionários estão totalmente confiantes em sua capacidade de ler, analisar, trabalhar e se comunicar com dados.

Como estes percentuais mostram, existe um gap significativo de expectativas e capacidade que precisa ser urgentemente diminuído para que as estratégias de Business Intelligence (BI) evoluam nas empresas.

Um programa de Data Literacy (alfabetização de dados) deve contribuir para superar o que se praticou por tanto tempo no meio empresarial; a centralização e propriedade de dados e sua análise nas mãos de alguns especialistas, e para essa mudança significativa, é necessário quebrar os silos organizacionais.

O treinamento contínuo e prático de Data Literacy tem como objetivos aumentar a confiança e as capacidades dos colaboradores em fazer as perguntas certas, em identificar tendências, gerar insights e vai democratizar a tomada de decisões orientadas por dados em toda a organização.  

Existem diferentes maneiras de prover este tipo de treinamento como cursos on-line, treinamentos especializados presenciais in company, hackatons internos, entre outras atividades.

A realização de uma avaliação prévia dos colaboradores ajuda a identificar o nível atual de alfabetização de dados das pessoas e definir o processo seletivo dos primeiros a serem treinados, as atividades e etapas do programa. As equipes precisam estar afiadas e integradas para um ritmo muito mais acelerado dos processos de BI, sem perder o foco e a assertividade.

Um programa de Data Literacy ajuda a romper com práticas tradicionais e a implementar uma nova era na análise de dados, baseada na Inteligência Ativa, que pode ser entendida como um novo paradigma criado para gerar, no momento presente, insights sobre cada aspecto do negócio, a partir de dados atualizados em tempo real, combinando as informações atuais e os históricos, consolidados de diferentes fontes.

Essa nova era do BI embasada no conceito da Inteligência Ativa está associada à possibilidade de automação de processos, emissão de alertas e sugestões de ações a serem tomadas a partir de certas condições apontadas depois da coleta de dados.

Empresas que conseguem treinar seus colaboradores em um programa de Data Literacy, organizar os dados e tomar decisões por meio de uma estratégia de Inteligência Ativa, estão obtendo benefícios financeiros e operacionais significativos.

Segundo a IDC, entre as três principais prioridades da agenda do CIO para 2022, a segurança foi apontada por 60% dos entrevistados, a nuvem por 41% e a análise de Big Data/ Business Intelligence por 35%. Para se ter mais competitividade, lucratividade e agilidade, o BI precisa evoluir nas empresas e precisa ser cada vez mais difundido como prioridade.

*Bruno Guerra, CEO da IN – Inteligência de Negócios

Read More
Artigos

A privacidade em um mundo instagramável

*Por Chris Santos

Sabemos que os relacionamentos e comportamentos das pessoas na vida cotidiana são complexos e as alterações nem sempre são visíveis imediatamente, mesmo para quem se dedica a estudá-las. Sob o amplo conceito de “mundo contemporâneo” ou “pós-moderno”, vários fenômenos sociais são objetos de reflexão dos profissionais de áreas como a Sociologia, a Antropologia e a Psicologia.

Lançado em 1997, o SixDegrees é considerado a primeira rede social on-line do mundo, que atingiu a marca de 3,5 milhões de usuários. Hoje, os números de usuários das redes ultrapassam o patamar dos bilhões. Estima-se que o Facebook tenha 2,9 bilhões de usuários, o YouTube tenha 2,5 bilhões, enquanto o número de usuários do Instagram gire em torno de 1,4 bilhão, conforme dados do DIGITAL 2022: GLOBAL OVERVIEW REPORT.

Com o advento e o crescimento das redes sociais, o principal palco das interações cotidianas foi ampliado e talvez possamos dizer que o universo virtual ganha mais protagonismo. Muitos de nós têm “amigos” com os quais interagimos apenas por meio das redes sociais e acompanhamos as suas atividades diárias. Mas, será que refletimos sobre o quanto de nossa privacidade relevamos ou o quanto os outros revelam de sua intimidade?

Se, até bem pouco tempo, existia uma linha mais delimitada entre comportamentos públicos e os privados, podemos dizer que, atualmente, esta linha é bem mais tênue. Mesmo cercados por grupos de estranhos, as discussões de questões pessoais ocorrem no feed das redes sociais.

Como conduzir debates sobre proteção da privacidade quando o espaço doméstico, o corpo, a família, o sexo, os filhos e o trabalho são expostos diariamente em mais de uma rede social?

Mesmo que a tarefa seja difícil, existem perguntas que devemos enfrentar: o que deveria ser compartilhado abertamente ou o que deveria ser reservado para a intimidade?  Até que ponto o usuário está disposto ou consciente de que precisa gerenciar sua privacidade? Estarão as pessoas cientes dos impactos de posts e comentários em sua reputação? Como a criação de um ambiente lindo e “instragramável (esteticamente bonito e estilizado) afeta a saúde mental?

Como disse Edgar Morin, “a complexidade não é a chave do mundo, mas o desafio a enfrentar, por sua vez, o pensamento complexo não é o que evita ou suprime o desafio, mas o que ajuda a revelá-lo e às vezes a superá-lo”.

Por isso, acredito que as perguntas apresentadas neste artigo lançam as sementes para uma reflexão sobre a evolução, as possibilidades, as limitações e os perigos da sociabilidade em rede, que serão pontuados em artigos futuros no Reflexões do Dia, inclusive por meio de resenhas de livros.

*Chris Santos é uma profissional com mais de 30 anos de experiência em comunicação corporativa, assessoria de imprensa e marketing digital. Com bacharelados em Relações Públicas e em Ciências Sociais, pela USP; especialização em Gestão de Processos Comunicacionais (USP); MBA em Gestão de Marcas (Branding), pela Anhembi-Morumbi; e mestre em Comunicação e Política, pela UNIP. Tem se dedicado ao estudo de tendências nas áreas de marketing digital, jornalismo, comunicação e política e tecnologias da comunicação e informação.

Outros Artigos escrito por Chris Santos

O papel da mídia nas fraudes corporativas: o caso de Elizabeth Holmes e da Theranos

 

Read More