*Por Chris Santos
A sociedade contemporânea é caracterizada por uma cultura do consumo, onde a identidade e o status social são frequentemente definidos pela posse de bens materiais e de luxo. Carros, como Mercedes e veículos elétricos da Honda, tênis da marca Nike, e até um simples café da Starbucks tornaram-se símbolos de prestígio e pertencimento. Essa associação entre marca e status não é um acidente, mas influenciada por estratégias de marketing bem elaboradas e repetidas que criam uma aura de desejo em torno de produtos e serviços.
A aspiração por produtos de marca não só influencia as escolhas do consumidor, mas também pode levar a comportamentos financeiramente imprudentes. Muitos indivíduos economizam intensamente ou se endividam para adquirir itens que acreditam que irão elevar seu status social. Isso muitas vezes envolve sacrificar necessidades básicas ou comprometer significativamente a saúde financeira pessoal para ostentar um símbolo de “riqueza”, de status.
O consumo exacerbado não se limita à aquisição de itens considerados de “luxo”. Nos lares, acumulam-se quantidades enormes de produtos pouco utilizados – de calças jeans a gadgets eletrônicos – porque, na sociedade do consumo, ter mais, especialmente de marcas renomadas, é frequentemente visto como um sinônimo de ser mais. Além disso, eventos como liquidações massivas são estrategicamente organizados pelas marcas para eliminar estoques, mas também para tentar os consumidores a comprar mais do que necessitam, muitas vezes resultando em cenas de caos e disputas por produtos – recentemente, me chamou a atenção as notícias veiculadas em jornais de pessoas que se machucaram na liquidação realizada por um supermercado enquanto disputavam vassouras.
No topo da pirâmide social, os mais ricos não apenas participam desse ciclo, mas também ajudam a perpetuá-lo ao estabelecer novas tendências de consumo, que são rapidamente disseminadas. Nesse contexto, o marketing de influência passou a desempenhar um papel relevante, pois celebridades e influenciadores digitais promovem produtos e estilos de vida que muitos procuram imitar.
Essas práticas de consumo, embora parte integrante da economia capitalista, trazem consigo sérios problemas, não só financeiros, mas também ambientais e sociais. O consumo exacerbado resulta em aumento significativo da produção de lixo e exploração de recursos naturais. Além disso, contribui para problemas de saúde mental, visto que muitas vezes o consumo é uma tentativa de preencher vazios emocionais ou de alcançar uma felicidade ilusória, que nunca é verdadeiramente satisfeita por bens materiais.
É vital discutir e promover mais conscientização sobre os impactos do consumo desmedido, incentivando práticas mais sustentáveis. Esta conscientização passa pela educação sobre finanças pessoais, a promoção de um consumo mais ético e consciente, e um questionamento mais profundo sobre os valores que definem nossa sociedade. Até quando vamos permitir que nossa felicidade e nosso bem-estar sejam continuamente medidos e definidos pela última coisa que compramos?
A sustentabilidade reside em consumir menos, mas em valorizar mais o que realmente importa: relacionamentos mais equilibrados, saúde, e bem-estar tanto individual quanto coletivo. É essencial promover a conscientização sobre práticas sustentáveis em todos os aspectos da vida cotidiana, incluindo o consumo responsável de recursos naturais e de produtos e serviços.
*Chris Santos é uma profissional com mais de 30 anos de experiência em comunicação corporativa, assessoria de imprensa e marketing digital. Com bacharelados em Relações Públicas e em Ciências Sociais, pela USP; especialização em Gestão de Processos Comunicacionais (USP); MBA em Gestão de Marcas (Branding), pela Anhembi-Morumbi; e mestre em Comunicação e Política, pela UNIP. Tem se dedicado ao estudo de tendências nas áreas de marketing digital, jornalismo, comunicação e política e tecnologias da comunicação e informação.
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