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Data Literacy: As lideranças devem dar o passo decisivo para criar um processo de Alfabetização de Dados nas empresas

Artigo de Alessandra Domingues, Diretora Educacional do GRUPO IN, do qual fazem parte as empresas Academia IN e a A10 School

 

Estudos internacionais, como o realizado pela The National Center for Education Statistics (NCES), mostram que uma grande porcentagem da força de trabalho precisa melhorar sua alfabetização de dados.

O Gartner define a “alfabetização de dados como a capacidade de ler, escrever e comunicar dados em contexto, incluindo a compreensão de fontes e construções de dados, métodos e técnicas analíticas aplicadas — e a capacidade de descrever o caso de uso, aplicação e o valor resultante”.

O Gartner afirma ainda que, até 2023, a alfabetização de dados se tornará um driver explícito e necessário para proporcionar valor aos negócios, uma relevância demonstrada por sua inclusão formal em mais de 80% das estratégias de dados e análises e programas de gestão de mudanças. Mas, de quem é a responsabilidade de aumentar, desenvolver e aprimorar as habilidades de alfabetização de dados dos colaboradores? 

Já ouvimos muitas vezes a frase: “os dados são o novo petróleo”. Mas, eles só têm valor quando passam por um processo de “refino”: os dados sem utilidade são expurgados, os que ficam são organizados, analisados e geram insights, permitindo tomar decisões, fazer projeções e previsões. 

Em uma analogia, a Alfabetização de Dados vai criar as competências para que os colaboradores coloquem a “plataforma de refino dos dados” em funcionamento, aproveitando todo o potencial dos programas e plataformas de análise de dados, que oferecem muitas funções e devem ser habilmente utilizados para trazer resultados para os negócios.

O medo pode ser citado como um dos obstáculos para que uma empresa seja realmente data driven – seja o receio dos colaboradores, que acham que falar a linguagem dos dados é difícil; seja o medo das lideranças que estão presas aos antigos paradigmas de gestão nos quais só elas detêm o controle dos dados, não querem compartilhar o poder de decisão ou, até mesmo, temem as mudanças.

Sabemos, entretanto, que as pessoas são a chave para a criação e manutenção de uma empresa data driven. As habilidades de análise de dados são, atualmente, essenciais para a maioria das funções de uma organização e as pessoas devem ser estimuladas a desenvolver novas competências. Por onde começar a criar e melhorar a alfabetização de dados?

O Índice de Alfabetização de Dados da Qlik demonstra que 93% dos líderes empresariais globais acreditam que é vital que seus funcionários sejam alfabetizados em dados. Mas, será que eles já deram o passo decisivo para criar uma cultura de decisões baseadas em dados na empresa que gerenciam? Ofereceram oportunidades e condições para que seus colaboradores sejam alfabetizados em dados?   

Para este passo, uma empresa pode criar uma academia para capacitação dos colaboradores em dados ou contratar empresas que realizem essa capacitação por meio de cursos, tendo como base uma política de aprendizagem corporativa, que defina quais serão os públicos priorizados (setores e cargos), como este conhecimento será multiplicado, quais os investimentos que serão realizados ao longo do tempo e os indicadores de que a empresa está no caminho certo para se tornar data driven. Eventos internos sobre alfabetização de dados com cases de sucesso também contribuem para acelerar essa jornada.

Uma empresa não se torna data driven de uma hora para outra. A alfabetização de dados é um processo que tem começo e não tem fim, pois ao se tornar parte da cultura da organização, ele passa por renovação e aprimoramento contínuos.

As empresas precisam de mais pessoas com capacidade de interpretar dados, de extrair insights e de fazer as perguntas certas para os dados. Neste cenário, as líderanças precisam impulsionar a alfabetização em dados e estarem receptivas às transformações positivas para os negócios que certamente virão.

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A revolução dos dados na gestão hospitalar precisa avançar no Brasil

Clayton Montarroyos, CEO da IN – Inteligência de Negócios

Os impactos positivos das estratégias de Business Intelligence (BI ou inteligência de negócios em português) no setor da Saúde podem ser evidenciados por meio de diferentes recortes analíticos, sendo que a gestão hospitalar é uma das áreas que pode se beneficiar significativamente pelo BI, por meio de análises incorporadas aos fluxos dos processos de negócios e de atendimento aos pacientes.

Tendo em vista o desafiador cenário da pandemia, o BI se tornou essencial para que um hospital seja assertivo na gestão da ocupação de leitos, da fila para internação, na identificação de fraudes, no monitoramento dos estoques de medicamentos e de oxigênio, na ocupação das UTIs, na carga horária de trabalho das equipes, só para citar alguns exemplos.

Uma boa estratégia de BI na gestão hospitalar tem a capacidade de fornecer informações de qualidade e preditivas aos administradores e ao corpo clínico, para melhorar o desempenho financeiro e operacional das organizações de saúde e a qualidade do atendimento ao paciente.

Um levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina, com o apoio da ONG Contas Abertas, aponta que o Brasil gasta 8% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em Saúde, dos quais 4,4% vêm de gastos privados e 3,8%, de gastos públicos. 

Mesmo com esse percentual, o país gasta R$ 555,00 per capita, um valor insuficiente e baixo quando comparado com outros países, mas que precisa ser maximizado, já que não há perspectivas de aumento dos orçamentos públicos e privados com a Saúde no atual cenário. As organizações de saúde precisam sempre fazer mais com menos. Por isso, o acesso à informação é essencial para a tomada de decisões sólidas baseadas em evidências.

Lidar com os desafios nesta área com o objetivo maior de melhorar significativamente a assistência à saúde oferecida à população requer a existência de conjuntos de dados válidos, que sejam obtidos a partir de metodologias e sistemas que apoiem a capacidade de aplicar o conhecimento derivado desses esforços na tomada de decisões, no atendimento, na gestão, agregando sempre mais transparência na prestação de contas dos gastos.

Estamos, atualmente, no olho do furacão da pandemia com suas urgências. Mas, podemos refletir a respeito de alguns debates que ocorreram nos últimos meses sobre os dados e reforçar um pedido crucial: organizem os dados para que tenhamos informações confiáveis a fim de desenharmos as estratégias locais e nacionais baseadas em análises fornecidas pelas ferramentas de BI. 

O debate sobre BI na gestão hospitalar recai sobre uma frase que ouvimos com uma certa frequência: os dados não são confiáveis. Por que não seriam? O que devemos mudar para termos mais confiança nos dados? Uma cultura organizacional em cada hospital orientando a gestão baseada em dados – o que podemos chamar de um hospital data driven – precisa se espalhar rapidamente pelo país, contando com apoios das entidades setoriais e governamentais.     

Os sistemas de business intelligence (BI) foram projetados para fornecer informações de suporte à decisão e têm sido repetidamente confirmado que fornecem valor às organizações de todos os portes e setores.

Muitas organizações de saúde ainda não implementaram sistemas de BI. Elas ainda não têm metodologias de padronização de processos, de coleta, dos repositórios para armazenamento dos dados e dos tipos de análises das informações que serão transformadas em relatórios, que podem e devem ser acessados em tempo real.

A Saúde é uma área que requer celeridade e assertividade. Evidentemente que o cenário é complexo, mas esta complexidade deve ser vista como um obstáculo, como um estímulo para que os avanços na gestão hospitalar venham a ocorrer.

Bill Gates tem alertado que não é cedo demais para pensarmos na próxima pandemia. Apesar de ser uma afirmação que nos deixa preocupados, o alerta feito aponta ainda que é possível que os governos, organizações e pessoas não sejam pegas desprevenidas.

O BI está aí para ajudar a reverter os efeitos negativos do chamado “fator surpresa”, pois além de ajudar na gestão diária, fornecem informações qualificadas que permitem prever o futuro. Vamos confiar no BI associado com as demais tecnologias digitais, como a Internet das Coisas e a Inteligência Artificial.

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Alfabetização em dados para uma sociedade data driven*

“O objetivo é transformar dados em informação e informação em insights” Carly Fiorina, ex-executiva da Hewlett-Packard Co.

Clayton Montarroyos, CEO da empresa In – Inteligência de Negócios 

Em todas as áreas da sociedade é crescente a dependência da análise de dados, como temos acompanhado neste período de pandemia, com a importância de dados qualificados na saúde, na educação, nos programas sociais, para a retomada econômica e para impulsionar a inovação. Frente a essa relevância da análise dos dados, ouviremos falar, cada vez mais, na alfabetização em dados (data literacy, em inglês). Mas, qual a implicação disso em nosso dia a dia?

A consultoria Gartner define a alfabetização de dados como “a capacidade de ler, escrever e comunicar dados em contexto, incluindo a compreensão de fontes e construções de dados, métodos e técnicas analíticas aplicadas — e a capacidade de descrever o caso de uso, aplicação e valor resultante”. Não é uma tarefa corriqueira, mas precisa ser enfrentada.

No Brasil, ainda está longe a fase na qual as crianças passam a adquirir competências de alfabetização de dados na escola, mesmo com a atualização dos currículos. Até as pessoas que estão atualmente no mercado privado, no governo ou no terceiro setor começaram, agora, a serem capacitadas em habilidades mais simples de raciocinar, manipular e visualizar os dados, tomar decisões, gerar insights e ter capacidade de análise preditiva. Tem uma pergunta que ficou famosa em apresentações: “Você fala dados?” Ainda é uma minoria, mas este número precisa crescer.

Por isso, mais do que nunca devemos fazer com que o debate em torno da alfabetização em dados faça parte do nosso cotidiano, junto com as discussões em torno de projetos de inteligência artificial, internet das coisas ou cidades inteligentes. Temos gerado petabytes de dados, mas nada adiantará se não soubermos o que fazer com tantas informações. Lembrando que, com o crescimento exponencial da geração de dados, as grandes empresas já estão enfrentando as dificuldades de armazenar um volume sem precedentes de dados.

A alfabetização em dados da força de trabalho deverá abarcar todos os níveis nas empresas, incluindo gerentes, diretores e C-levels, a fim de proporcionar efetiva vantagem competitiva. Além disso, um programa na empresa com esse foco deve ser um processo contínuo, pois os softwares de analytics, business intelligence (BI) e big data, que ajudam na gestão dos dados (estruturados e não estruturados), estão sempre evoluindo para resolver os problemas do mundo real. Além da alfabetização em dados para o maior número de pessoas, teremos ainda os especialistas, com as novas profissões relacionadas com dados, entre elas: engenheiro de big data, desenvolvedor de visualização de dados e cientista de dados.

Uma iniciativa internacional relevante, que podemos acessar no Brasil ou utilizar como referência, é o The Data Literacy Project (Projeto de Alfabetização de Dados), que reúne empresas, tais como Qlik, Accenture, Cognizant, Experian, Pluralsight, o Chartered Institute of Marketing e Data to the People, e referências do mundo acadêmico, para estimular a discussão da construção de uma sociedade alfabetizada em dados. O mercado brasileiro já carece de iniciativas com este foco, assim como já temos projetos em inteligência artificial, indústria 4.0 e IoT. Precisamos falar mais em alfabetização em dados para a criação de uma sociedade brasileira data driven.

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